Perfect Hell

parte 4

Não seria difícil para o condutor reencontrá-los. Aquela rua tinha uma única saída. A questão agora era chegar lá antes do outro carro.

Pelo barulho da freada, Mulder imaginou que seu perseguidor teria voltado e entrado na mesma rua que eles. Mas não havia nenhum outro carro atrás.

O mais provável era que o carro negro já tivesse contornado o quarteirão e os dois carros se encontrariam no fim da rua. 

Não havia muito o que Mulder pudesse fazer a respeito. 

Abandonar o carro e fugir a pé era uma opção, mas ele preferia não se livrar da camionete. Teriam dificuldades em conseguir outro veículo.

Além disso, não teriam tempo para retirar suas coisas lá de dentro. Qualquer coisa dentro do veículo poderia servir como pista sobre as identidades que ambos criaram quando fugiram. 

A outra alternativa seria retornar para a rua onde estavam antes, mas seria impossível manobrar em uma rua tão estreita. Teriam que fazer o trajeto de ré.

Estava escuro e Mulder não sabia se conseguiria fazer isso sem deixar metade da camionete nas paredes.

A única alternativa que lhes restava era, então, prosseguir o mais rápido possível, esperando não colidir com qualquer outro carro que estivesse na rua principal. 

Para sorte dos dois, aquela era noite de natal. Não haviam muitos carros circulando.

Ao deixarem a rua estreita, ainda puderam ver o carro preto surgindo do cruzamento oposto. Mulder acelerou o máximo que pôde e, por alguns instantes, os dois carros se encontraram, praticamente frente à frente.

Mulder desviou com rapidez evitando a colisão e buscou uma nova via de fuga. O motorista do outro carro parecia tão persistente quanto ele.

Novamente os dois carros se encontravam bem próximos.

O carro preto estava do lado direito da pista, o que impedia que Mulder pudesse ver o rosto do motorista. Esperava que Scully tivesse melhor sorte.

A corrida continuou por mais um quilômetro, com os dois carros emparelhados.

Mulder começava a achar que seria impossível escapar, e o pior, pela forma com que o outro motorista dirigia, parecia que ele queria manter os dois carros emparelhados, talvez para poder preparar-se para atirar nos dois.

Claro que a primeira pessoa a ser atingida seria Scully, pela posição em que se encontrava.

Mulder entrou em pânico ao pensar nisso. Acelerou ainda mais e, ao ver que poderia escapar por uma rua paralela, freiou de repente.

A manobra fez com que a camionete derrapasse e todo o peso da parte traseira foi lançado para a direita, onde estava o carro preto.

O barulho do metal foi a primeira coisa que deu certeza a Mulder de que as coisas haviam fugido de seu controle, se é que jamais estiveram.

A força do impacto lançou seu corpo contra a porta do passageiro. Mulder sentiu o choque de seu corpo contra o de Scully.

Em seguida, a situação se inverteu. Ele se viu sendo jogado contra o volante e sua porta, e sentiu Scully batendo contra seu ombro.

Então todo o movimento do carro cessou.

Mulder fechou os olhos, respirou fundo, como se pudesse, com isso, verificar se estava inteiro. Podia ouvir seu próprio coração batendo acelerado e sua respiração pesada. 

Mas não ouvia nenhum barulho vindo do banco do passageiro. Scully estava silenciosa demais. Com receio de sequer tocá-la, Mulder procurou por sinais de vida.

Naquele momento percebeu o motorista do outro carro fugindo. Por uma breve fração de segundo teve o impulso de perseguí-lo, mas por duas razões se deteve. Primeiro não poderia deixar Scully ali, sem nem ao menos saber como ela estava.

A segunda razão o teria feito desistir de qualquer luta.

Ao ver o homem fugindo, conseguiu ver sua face. Uma pessoa que Mulder já conhecia. Alguém que ele pensara que jamais veria novamente.

Knowle Rohrer.


CONTINUA


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