Perfect Nightmare I

QUARTEL GENERAL DO FBI 
WASHINGTON, D.C. 
ANO – 2002 

Skinner deu um suspiro cansado antes de abandonar os papéis que estivera lendo na última meia hora. Olhou no relógio e decidiu que falaria com John e Monica na manhã seguinte. Aquela poderia ser apenas mais uma pista falsa mas eles teriam que arriscar. Há meses eles investigavam em segredo o paradeiro de Mulder e Scully, mas Skinner sabia que muitos desconfiavam de suas reuniões constantes e dos sumiços repentinos de Doggett e Reyes durante investigações de rotina. 

Skinner não se importava mais. Agora desafiava abertamente quem quer que se pusesse à sua frente. Ele temia apenas por John e Monica mas os dois agentes haviam insistido em colaborar com as buscas. 

O Bureau tinha uma força tarefa inteira à procura de Mulder e Scully e, apesar da insistência de Doggett e Reyes, eles haviam sido deixados de fora do caso. Mas, mesmo Skinner, Doggett e Reyes não haviam conseguido nenhum progresso, assim como a força tarefa que parecia andar em círculos atrás de pistas falsas sobre os dois desaparecidos. 

Pegando sua jaqueta, ele deixou o escritório já vazio àquela hora da noite e desceu o elevador até a garagem. Seus passos ritmados ecoavam pelo local quase deserto e sua mente concentrava-se nas palavras que lera há poucos minutos. Talvez fosse melhor falar com John ainda aquela noite, assim ele teria tempo de planejar uma ação para a manhã seguinte. 

Distraído em seus pensamentos, ele só notou o perigo quando já era tarde demais. Os passos que acompanhavam os seus o alcançaram e tudo o que Skinner viu foi o reflexo prateado de algo que o golpeou no rosto. Depois, apenas a escuridão o engolfava, como em um pesadelo. 

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WASHINGTON, D.C. 
MESMA NOITE 

John Doggett deixou o bar agasalhando-se ainda mais na jaqueta de couro enquanto caminhava apressado para pegar seu carro estacionado do outro lado da rua escura. 

Perdera parte da noite investigando algumas informações que Skinner lhe passara há dois dias. Deveria ter sido mais fácil e mais rápido mas haviam dois agentes do Bureau no mesmo bar, investigando a mesma pista, e John tinha ficado escondido por um bom tempo antes de conseguir fazer contato com uma testemunha que supostamente vira Mulder e Scully em Maryland na semana anterior. 

Como das outras vezes, a informação era falsa. Mas John não desanimava, ele os encontraria. Não ia desistir tão facilmente. Embora a força tarefa designada para encontrar Mulder e Scully desse a impressão de estar progredindo, ele e Monica haviam percebido há algum tempo que tudo não passava de fachada. Todas as informações que os agentes seguiam eram forjadas. Skinner o mandara até lá naquela noite apenas para confirmarem isso e ele agora tinha certeza de nenhum esforço estava sendo feito no intuito de encontrar Fox Mulder e Dana Scully. Infelizmente, seu trabalho de investigação ao lado de Skinner não estava dando melhores resultados mas, ao menos, eles estavam realmente se esforçando para descobrirem o paradeiro de seus amigos. 

John parou ao lado de seu carro e começou a procurar as chaves nos bolsos da calça jeans. Notou a aproximação de dois rapazes que conversavam animados e em voz alta sobre o próximo jogo de baseball da liga principal mas não deu-lhes muita atenção. Destravou o carro e abriu a porta. No segundo seguinte, estava caído no chão ao lado do carro, com os dois rapazes parados ao seu lado, impassíveis. 

Um veículo escuro parou no meio fio e os dois rapazes ergueram o corpo inconsciente de John Doggett e o colocaram no furgão que partiu em alta velocidade, desaparecendo rapidamente na escuridão da noite, deixando para trás um carro abandonado com as chaves prateadas esquecidas na calçada. 

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RESIDÊNCIA DE MONICA REYES 
MESMA NOITE 

Monica terminou de preparar seu chá e sentou-se no sofá da sala segurando a caneca com as duas mãos, aquecendo-as no calor proveniente da porcelana. Aspirou com prazer o aroma suave do chá e tomou um gole enquanto pegava os papéis que estavam na mesinha de canto para reler alguns trechos. 

Parecia um trabalho inútil. Ao menos se mostrara infrutífero até aquele momento. Ela e John dividiam-se entre suas investigações no Bureau e a procura incessante por Mulder e Scully há meses, sem sucesso. 

Quando o Bureau montara uma força tarefa para encontrar os dois, Monica requisitara permissão para que ela e John se juntassem a eles mas seu pedido fora negado sumariamente. 

Para sua surpresa, Skinner os convocara em sua sala no mesmo dia e lhes contara que ele estava procurando Mulder e Scully por conta própria. Sabia que eles corriam perigo e que precisariam de ajuda para deixarem o país. 

Monica se surpreendera ao constatar que Skinner pensava o mesmo que ela, que Mulder e Scully deveriam estar ainda nos Estados Unidos, talvez tentando encontrar o filho deles, talvez esperando as coisas se acalmarem para poderem fugir. Ela não sabia ao certo mas seus instintos lhe diziam que provavelmente eles precisariam de ajuda. 

Ela e John fizeram questão de ficar ao lado de Skinner e, há vários meses, levavam praticamente uma vida dupla dentro do Bureau, trabalhando nos casos que lhes eram designados e, ao mesmo tempo investigando todas as pistas que Skinner lhes passava. John seguia os passos dos agentes da força tarefa enquanto ela investigava pistas novas que eram apenas do conhecimento de Skinner. A busca parecia cada vez mais inútil mas ela não desistiria. E sabia que nem John, nem Skinner desistiriam tampouco. 

Concentrou-se na leitura que tinha em mãos até que o som da campainha cortou-lhe a concentração. Monica levantou-se e foi até a porta, verificando pelo olho mágico que era um entregador de pizza. Ela não pedira nada aquela noite mas destrancou a porta com a intenção de avisar ao rapaz que errara de apartamento. 

Monica Reyes não teve tempo de registrar em sua mente o que a atingira em cheio no rosto. Ela caiu no chão, ainda consciente mas a dor era muito forte e, enquanto sentia dois braços fortes erguendo-a do chão, mergulhou na escuridão. 

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CONTINUA...